13 de ago. de 2010

Pedido aos profissionais de segurança


Seria interessante imaginar como seria a postura de alguns políticos senão fosse possível contratar seguranças particulares. Penso que os faixas pretas de jiu-jitsu, karatê, kung-fu e os especialistas no manuseio de armas e táticas de segurança podem e devem abrir academias, trabalhar em segurança de boates, em televisões ou em campeonatos de lutas, porém não deveriam assegurar a defesa de representantes que "irrepresentam" os cidadãos .
Quando proponho algo polêmico, ou refuto alguma "tese-senso-comum" assumo toda a responsabilidade pelos meus atos e palavras. Um médico quando comete um erro, ou diz coisas que desagradam um paciente não sai do hospital com uma escolta de protetores e armas apontadas pra todos os cantos. Por que políticos que propõe aumentos exorbitantes dos próprios salários, ou que fazem mais uma CPI terminar em pizza, ou que ratificam a aprovação automática nas escolas do Rio de Janeiro possam ter esse benefício? Acho que todo profissional desta categoria deveria recusar esses empregos por motivos morais!
Isto não é uma ode à violência, não desejo que a população agrida os políticos. Entretanto, custo a entender porque os indivíduos que menos trabalham possuam esta comodidade e os que mais labutam vivem na intranquilidade constante. Será que eles sabem como é para um professor chamar atenção de alunos em uma escola municipal pública no Rio de Janeiro?
O que mais me dói e ver alguns políticos se safando de questionamentos de jornalistas, que representam a voz do povo, usando este artifício. Quem nunca viu um jornalista tomando bordoadas e pontapés de seguranças por fazer aquela pergunta incômoda. Os repórteres do CQC já estão acostumados com tais investidas. E o pior! Os próprios agressores indiretamente são prejudicados com as medidas aprovadas pelos mesmos políticos.
Imaginem a cena: aquele político que aumentou os impostos, ou dançou no Congresso ou que "relaxou e gozou" cara-a-cara com desempregados, controladores aéreos e jornalistas querendo explicações plausíveis por seus atos e falas. Saindo do Palácio do Planalto até seus carros ou suas casas com aquela pressão, aquele mal-estar que fará com que respeitem mais aqueles que os colocaram no poder.

9 de ago. de 2010

Tive uma idéia ... não a tenho mais.


O mundo poderia ser dividido em blocos ideológicos.
Não! Não quero reviver os tempos de Guerra Fria, mas pensei em um mundo onde os Estados - Nações seriam abolidos e as terras repartidas, mais ou menos iguais, entre os diferentes sistemas. Os 6 continentes teriam terras capitalistas, socialistas e anarquistas por exemplo, ficando a cargo do cidadão decidir por volta dos 20 anos de idade, em qual gostaria de viver. Não é uma boa?!
Ninguém precisaria viver forçadamente em um sistema que tenha como foco central o dinheiro e não as pessoas. Em outro caso, o camarada que goste da competição profissional, dos lucros obtidos com as transações econômicas milionárias, moraria feliz na sua respectiva região. Livre de culpa ou de críticos do sistema. O rapaz que não aprecie a interferência do Estado na sua vida, seria feliz vivendo da sua forma, sem polícia o aporrinhando ou livre de pessoas que queiram o possuir ou construir laços sólidos. É simples.
Cada cidadão ao completar seus 25 anos, deveria ter experimentado cada sistema por pelo menos 24 horas (máximo 3 meses) para que sua escolha final seja consciente.
Pra que exércitos? Cada um escolheu o que é melhor pra si, fornecendo sentido a vida da sua maneira. Ninguém precisaria defender ou invadir territórios. Mudanças de opinião poderão acontecer mas deverão ser definitivas. O momento de experiências já passou e a necessidade de integração e ajuda social, faz com que o sistema necessite da pessoa para o seu bom funcionamento. Novas ideologias poderão ser criadas, mas precisarão de um mínimo de adeptos.
Mas existe um problema.
Os socialistas, mesmo que sejam 2 pessoas, conseguiriam viver dentro de sua ideologia. Dividiriam irmamente o que as terras lhe proporcionam e através da colaboração, livre de preconceitos raciais ou classistas, construiriam o necessário para a sobrevivência. Assim, como os anarquistas não dependeriam de outras pessoas de pensamentos antagônicos para seguirem sua vida. Diferente dos capitalistas.
Só há riqueza com pobreza. O poder dos grandes capitalistas se resume basicamente na exploração da grande maioria. A partir do momento que não ocorra acordo entre trabalhador e empregador capitalista, o primeiro estaria livre para escolher outro tipo de vida que sacie seus anseios. Isso atrapalharia bastante as pretensões de muitos que através da alienação e exploração das massas, constroem seus impérios. A saturação dos mercados faria com que os capitalistas buscassem novas terras, novos consumidores e novos explorados para fazer a máquina girar.
O capitalismo não se sustenta sozinho, somente com o sofrimento e exploração da maioria.
O capitalismo não é democrático, é arbitrário.
O capitalismo coisifica os homens e humaniza as coisas.
E eu achando que tive uma grande idéia ...

Dica: http://www.youtube.com/watch?v=Gv5sOw4fI7Y

Golfinhos 1x0 Humanos


Os méritos desta postagem vão para os brilhantes Rômulo Coutinho e Gabriel Uriel. O primeiro por me apresentar a idéia do livro "O Guia do Mochileiro das Galáxias" que foca na busca humana do sentido da vida e o segundo, por mencionar uma vez em uma conversa informal, uma frase dita pelo autor deste mesmo livro, o britânico Douglas Adams:

É um fato importante, e conhecido por todos, que as coisas nem sempre são o que parecem ser. Por exemplo, no planeta Terra os homens sempre se consideraram mais inteligentes que os golfinhos, porque haviam criado tantas coisas – a roda, Nova York, as guerras, etc. -, enquanto os golfinhos só sabiam nadar e se divertir. Porém, os golfinhos, por sua vez, sempre se acharam muito mais inteligentes que os homens – exatamente pelos mesmos motivos.

Nesta vida absurda aceitar as próprias limitações e aproveitar o que existe de mais precioso em nossa espécie, me parecem ser as decisões mais sábias. Golfinhos 1x0 Humanos.

Dicas: http://www.youtube.com/watch?v=xlYH-5VUXPQ&feature=player_embedded

http://www.youtube.com/watch?v=RKqTOLAKYhk&feature=related

31 de jul. de 2010

Explosão na catedral - François de Nomé


Pintado por François de Nomé no século XVII, o quadro "Explosão numa catedral" é analisado brilhantemente por Alejo Carpentier no seu maçante, porém genial livro "O Século das Luzes". Uma curiosidade que merece ser destacada, é que o nome deste livro nos EUA é o mesmo do quadro de Nomé.
Nomé não retrata simplesmente a destruição da estrutura física de um templo religioso, e sim o impacto que o Iluminismo teve na sociedade ocidental da época e na própria Igreja Católica. Um rompimento nos valores e padrões sociais aconteceu com a chegada das Luzes no século XVIII, quebrando paradigmas religiosos, e comportamentos conservadores. Assim, Carpentier relata a mudança significativa na vida de jovens cubanos ao obterem contato com as idéias do Esclarecimento.
Vale ressaltar que nem todos os pilares da catedral estão quebrados, mostrando a resistência que a Igreja e seus valores ainda procuram exercer na sociedade moderna. A catedral pode ser interpretrada como o próprio indivíduo da época que de modo lento e gradual vê seus idolos e símbolos sendo destruídos por uma avalanche de conceitos inovadores.
Carpentier fará críticas ao ponto extremo que o racionalismo chega na França e formulará seu próprio entendimento de Iluminismo através de sua prosa realista mágica. Entretanto, devemos admitir a importância que o pensamento iluminista com suas exortações ao conhecimento e a intelectualidade de modo geral, exerceu na humanidade.

30 de jul. de 2010

Eu não quero esse sucesso


Quanto você vale?
Você mesmo, de alma e corpo, com ideais consolidados desde pequeno.
Seria um falso moralismo dizer que é alarmante viver em uma sociedade onde os princípios são vendidos a qualquer preço, ou melhor, por 15 segundos de fama na internet?
Você recusaria o cargo futebolístico mais disputado do mundo, somente por não pretender quebrar um acordo verbal feito com seu atual chefe?
Mais vale mentir para si, do que lutar pelos seus valores?
Somos passíveis de erro, é claro, mas não acham que existem erros que insistimos em cometer pois eles nos confortam?
Ei?! Você aí! Moraria de aluguel em um quarto e sala na mais perfeita paz, com sua própria renda ou na ilusão de um mega apartamento na zona nobre de sua cidade, com tudo do bom e do melhor bancado pelos pais, que sustentam sua "vida loka"? Participaria de reality shows e programas de humor apelativo à qualquer custo, mesmo sendo alvo de humilhações e constrangimentos ou pensaria antes na importância dos seus atos na vida das pessoas que as cercam?
É dificil obter sucesso profissional ou sentimental na sociedade de consumo em que vivemos, com um mínimo de dignidade e respeito ao "amiguinho do lado". Porém, conquistado, é muito mais saboroso.

21 de mai. de 2010

Reflexos do individualismo contemporâneo



O Renascimento e o liberalismo de Adam Smith, proposto em "A riqueza das Nações (1776)", exaltam de forma bem explícita o individualismo. Por volta dos séculos XV e XVI, os renascentistas se contrapunham ao ideal coletivista muito defendido pela Igreja, e aos senhores feudais que através dos laços de servidão, garantiam a permanência dos servos em seus domínios. Mesmo fornecendo um tratamento semi-escravo a eles, os senhores eram responsáveis pela saúde, alimentação e moradia dos servos,o que revela uma supressão de seus interesses particulares e ao mesmo tempo, a cessão de fatores básicos para a sua sobrevivência. Entretanto, com a emergência da burguesia, o livre-arbítrio é fomentado em todas as instâncias. A substituição do trabalho servil pelo contrato salarial afastou os camponeses dos meios de produção e de subsistência, retirando-os das terras e fazendo com que bancassem (agora através dos seus rendimentos) todas as condições que antes eram garantidas pelos senhores feudais. Assim, a "liberdade" estava garantida para a maior parte do povo.
Posteriormente, o "american way of life" acentuou em demasia, a demanda pelo consumo e bem-estar do indivíduo em detrimento ao bem comum. A busca da realização pessoal passa a ser a meta de muitos.
Lendo há uns meses atrás notícias sobre a morte (e vida) de J.D. Salinger, escritor de "O apanhador no campo de centeio", pude constatar o nível tão alto de individualismo e falta de preocupação com o reflexo de nossas atitudes, na sociedade em que vivemos. Não estou falando do caráter recluso, excêntrico e egoísta de Salinger,que não é novidade para ninguém, mas de como uma das figuras mais carismáticas, importantes e famosas do planeta contribuíram para que este escritor levasse tanta melancolia e sofrimento para os outros e para si no restante de sua vida.
Você deve estar pensando (permitam-me a colocação de travessões a fim de contemplar nossa conversa telepática):
- Isso é coisa de político!Foi Roosevelt?!
- Não. Não foi Roosevelt.
- Então, deve ter sido concorrência de escritores invejosos, amigos dele. Algo do tipo?
- Digo que também não.
- Já sei. Ex-mulher! Amor não correspondido.
- Errou. Foi Chaplin, acredite.
- Ahnnnn????

Isso mesmo caro leitor, Charles Chaplin. O homem que levou alegria para milhões de pessoas, que revolucionou os métodos cinematográficos, o poeta das imagens, o ultimo romântico, contribuiu decisivamente para que a vida de J.D.Salinger fosse cheia de tristezas e rancores.O livro "A Life Raised High", escrito por Kenneth Slawenski, biógrafo de Salinger, revela o quão foi dolorido para o escritor novaiorquino, ver a sua amada Oona O'Neil de 17 anos ser retirada de seus braços por um homem de 54 anos. Talvez a megalomania de Hitler exposta em "O grande ditador" tenha contagiado Chaplin. À medida que obtinha mais fama era mais costumeiro vê-lo achincalhando subordinados na direção de seus filmes, (vale a pena a arrogância e intrânsigência com pessoas a fim de atingir uma perfeição talvez nunca conseguida?) e sua inconstância amorosa levava Chaplin a buscar sua quarta mulher mesmo que para isso fosse necessário passar por cima dos sentimentos de um rapaz, recém incorporado ao Exército. Quem era aquele jovem de 20 poucos anos que ousava estar com a mulher que o magnânimo e incontestável cineasta gostaria de possuir naquele momento?
Margareth, filha de Salinger, descreveu seu pai na biografia "Dream Catcher" (2001) como um "egoísta absoluto". Um homem que acreditava que "levar seus filhos por duas semanas de férias para a Inglaterra era o maior sacrifício que poderia fazer". Ela sofria frequentes ataques de pânico e fez cinco abortos.
O egoísmo de Salinger atingiu gerações posteriores de sua família e só foi iniciada por uma ânsia desenfreada de querer tudo, sempre e de qualquer forma do homem que um dia desejou paz ao mundo.

19 de mai. de 2010

O déficit da educação bancária


Por André Borges e O absurdista

Os problemas relacionados à educação pública advém de longa data. Reclamações a respeito da condição precária do ensino promoveram desde discussões entre universitários em um blog como este até reflexões de grandes teóricos como Paulo Freire. Em "Pedagogia do oprimido", Freire trata como um dos pontos cruciais da educação brasileira a educação bancária. O ato do professor depositar uma gama de informações na mente do aluno, sem contextualizá-la com a sua realidade produz no corpo discente deficiências críticas - isto é, baixo poder de problematização dos fatos.
Logo, de acordo com Paulo Freire, a qualidade do ensino estaria intimamente vinculada ao trabalho docente. Antes, convém lembrarmos, que o aluno não é uma tábula rasa ao entrar na escola. Ele possui um determinado linguajar, uma família, um lugar onde reside - seu capital cultural (Bourdieu). Cabe ao professor lapidar estes pré-conceitos e apresentar novas idéias, tendo em vista, uma formação multicultural que prepare o aluno para a vida em sociedade. Ora pois, como alunos de licenciatura, professores e leitores de Freire, devemos nos submeter ao seguinte questionamento: como a sociedade pode exigir de nós se somos precariamente formados, mal pagos e não possuímos a infraestrutura necessária para nossos trabalhos?
Você leitor está decerto se perguntando se nos perdemos ou esquecemos do assunto educação bancária, não é mesmo? Eis que se engana. Toda esta situação degradante do trabalho docente requer um árduo esforço do profissional para se manter minimamente equilibrado em seu cargo. Por isso, não há tempo nem anseios para uma problematização, optando o professor pelo básico, o cômodo, aqui exemplificado pela educação bancária.
As consequências de um professor acomodado são: a perda de respeito pelos próprios alunos, uma didática desestimulante,uma baixa qualidade da aula entre outros. Como podemos ver neste comentário do artigo de Belmira Oliveira Bueno e Flavinês Rebolo Lapo "Professores, desencanto com a profissão e abandono do magistério":
" ... porque você não vê o professor se preparando para a aula, se empenhando em melhorar a qualidade da aula... E sabe o que eu acho mais terrível nisso tudo? É a visão que o aluno passa a ter do professor e da profissão... Ele associa o professor a um fracassado... (Fabiana, 38 anos, 11 anos como professora de rede pública)"
Diante do ciclo vicioso da má qualidade na relação professor-aluno, observamos o paradoxo existente na intenção da Constituição Federal de 1988 em garantir o direito à educação básica, o que pressupõe - até para o mais leigo em assuntos educacionais - a permanência do estudante na instituição de ensino até a sua conclusão. Entretanto, não é o que a lei garante ao indivíduo. A CF/88 só garante o acesso a educação básica e não a permanência do estudante. Esta brecha da lei da "mais democrática das constituições" amalgamada com a educação bancária fornecida em diversas institutos de ensino no país inibem a manutenção do aluno na escola, tornado-a incerta e duvidosa. Nestas condições o futuro do "país do futuro" é tenebroso.

Apresentação

Este é um esforço de um ser "jogado no mundo" e condenado pela liberdade de expelir por meio de vocábulos todo tipo de angústia, informação, denúncia e sentimentos que convivem nesta matéria.
Contraposições elegantes,humor ácido e debates aflorados serão muito bem-vindos!
Namastê a todos, ou melhor: O Deus que habita em mim saúda o Deus que habita em você.