30 de jun. de 2013

Quantos milhões em ação?

O mais doloroso não foi ver o número de manifestantes reduzidos em comparação ao ato na Presidente Vargas com mais de 1 milhão de pessoas.
O mais doloroso não foi ver alguns gritarem "Sem violência!" para os manifestantes e se calarem diante da truculência da Polícia Militar.
O mais doloroso não foi notar pessoas no ato que se mostravam favoráveis ao fim da corrupção (como se alguém não fosse!) e enrolados na bandeira do Brasil, bradavam em tons ufanistas e integralistas a favor da Nação, em um discurso esvaziado e despolitizado.
O mais doloroso não foi refletir e perceber que o dinheiro do contribuinte é revertido também em armas letais e de tortura contra o mesmo indíviduo que cobra na ruas, o cumprimento das obrigações que o Estado tem com o povo.
O mais doloroso não foi pensar que parte daqueles que se mostravam a favor do ato, acenando das janelas e piscando as luzes de suas casas, chamariam os mesmos de vândalos e vagabundos após lerem sobre o assunto no jornal ou vissem  na televisão algo a respeito.
O mais doloroso não foi perceber que a mídia tradicional do Brasil deturpa o número de manifestantes nas passeatas e pouco denuncia as arbitrariedades do Estado e da Polícia.
Tão doloroso quanto, foi ver um rapaz dentro do carro do Corpo de Bombeiros com o queixo ensanguentado após ser atingido por uma bala de borracha.
Tão doloroso quanto, foi visualizar policiais atirando em sequência diversas balas de borracha e soltando bombas de efeito moral no meio da multidão, a esmo.
O mais doloroso não foi saber que um policial do BOPE ria e filmava da caçamba de um carro, o sofrimento das pessoas que estavam ali resistindo.
O mais doloroso não foi saber que os próprios policiais se intoxicavam com o gás lacrimogênio 20% mais potente, comprado por governantes que a essa hora riam em casa da desgraça de todos que estavam ali na Tijuca.    
O mais doloroso não foi chegar em casa e ver que no final do jogo a platéia no estádio gritava: "...é lindo o meu Brasil contagiando e sacudindo essa cidade"
O mais doloroso não foi ver Neymar, Fred, Paulinho e Júlio Cesar abraçarem (e um até beijou!) o presidente da CBF, José Maria Marín, ex-ARENA, acusado de desviar dinheiro público e ser um dos incentivadores da prisão do jornalista Vladimir Herzog, morto em seguida nos porões do DOI-CODI.
O mais doloroso mesmo foi ouvir de um prédio pequeno,
de mais ou menos uns 3 andares,
um grito de gol
de algumas pessoas,
indiferentes a tudo aquilo
que acontecia ali embaixo
na Rua São Francisco Xavier.
Isso camarada,
foi o que mais me machucou.