Poesias futebolísticas

Santos 3x2 Corinthians (Final do Brasileiro 2002)

Ô moleque danado!
Manera no swingado,
porque isso é final de campeonato!
Sei que teu talento é nato,
mas te peço: Nada de jogar arriscado,
que levamos esta taça, no ato!

Para de frescura!
Com as minhas diabruras
levo qualquer zagueiro à loucura!
Muda essa postura!
Porque já entrar com medo do adversário,
ninguém atura!
E isso aprendi nos campos da vida,
seja com sol ou debaixo de chuva,
jogando muita bola na rua.

De várzea você poder entender
Mas aqui é para valer!
E se não rever esse seu jeito de ser
Vai ver muita gente pior que você
pegando sua vaga
e te deixando vendo tevê.

Quem se diverte jogando
não tem medo de ficar no banco.
Foi assim,
desde que subi para os profissionais do Santos.
Sendo arisco,
o jogo,
acabo mudando.
De oitavo colocado para as finais.
Fomos, um por um, atropelando.
Um jogo contra o Corinthians e pronto!
Fechamos com chave de ouro esse ano!

... 

(Fim de jogo)

É! Você tinha razão!
De que adianta tática,
se teu improviso
gera no adversário, confusão?
Se você parte para cima como um furacão?
Coitado do Rogério!
Pedalar seis vezes daquele jeito foi um despautério!
Deixou sua coluna torta,
e sua carreira a caminho do cemitério!
E aquela rolada de bola com o pé,
para frente e para trás?
Como se marcasse um “Aqui jaz...”
na testa do pobre rapaz.
Deixando-o na jogada, totalmente incapaz.

Sou garoto, mas experiência me sobra!
Contando a barriga que chutei de minha mãe.
Já são dezoito anos de bola.
Me deixa ser como sou
e só deixa uma última coisa eu te avisar:
Vai pra lá,
que eu vou para cá, tá?!

Internacional 1x0 Barcelona (Mundial Interclubes 2006)

A meta do colonizador
sempre é
tirar riquezas
que por aqui dão no pé.

O desejo do colonizador
sempre foi
se apossar do ouro daqui
e lucrar lá fora depois.

Seja no século dezesseis, dezoito
ou vinte e um
os europeus
fazem disto
uma prática comum.

Se acham um tanto
maiorais
com o poder que essas preciosidades dão a eles.
E suas instituições   
passam a ser vistas como
fundamentais.

O ouro futebolístico que tiram dos americanos
saem em caravelas
de asas e de aço.
Em remessas com carimbos de
Ronaldinho, Deco, Beletti e Thiago
foram para Espanha formar um timaço.

Alguns tirados direto da fonte
outros
comprados de semelhantes exploradores.
O quão bom seria vê-los
atuando no auge,
na Copa Libertadores?  
 
Toda boa história
tem um entretanto
e o desse jogo
atende por Adriano.
 
Gabirú.
Nome de rato nordestino.
Não era cobiçado pelo Velho Continente
nem era destaque do seu time.

Passou por Beletti
o deixando esparramado no chão.
Para assombro dos catalães
surgiu aquele ponto de interrogação:

- Se os melhores do mundo estão conosco
e marcamos os melhores deles
com tanto esforço,
de onde saiu esse moço?

De um pedaço de terra
que resiste
mesmo diante de constantes retiradas
ao longo do tempo.
E se lhe tiraram uns pedaços,
não duvide! 
A que restou
lhe causará grandes tormentos.

Nautico 0x1 Grêmio (Campeonato Brasileiro Série B 2005)

Não te esqueças.
Somos os imortais.
Aqueles que se recusam a morrer.
e não desistem.
Jamais! 

Achas mesmo
que um punhado de tinta,
ou melhor, o cheiro que emana dela,
fresca,
abalarão nosso caminho?
Pequenismos
não irão interferir no nosso destino. 

Expulsaram Patrício, Escalona, Domingos...
Que expulsassem mais cinco!
Se sobrasse um jogador machucado.
Não nos faríamos de rogado.
Iríamos a tua meta
deixaríamos o nosso gol
e comemoraríamos o campeonato.

Momentos de tensão passamos,
realmente,
com quatro expulsos e dois penaltis marcados
inexistentes.
Lutamos com honra pelos nossos direitos
Afinal o que significa levar aquele escudo no peito?
Aceitar, sem protestar,
aquele profundo desrespeito?

O Homem de gelo
consciente de seu potencial
pensa consigo:
- Vai, vai. Não tem problema! Deixa ele bater o penál!
   Ao meu lado está a nação gremista,
   que me dá apoio incondicional.
   Se fizeres, foi apenas
   tua obrigação primordial.
   Se tú perderes,
   me consagro
   nessa emocionante final.
   Do teu lado, a confiança que te passam
   se transforma em pressão infernal.
   Quando olhar para minha camisa
   suas pernas tremerão,
   ao deixar a bola
   na marca da cal.
   Tú chutas convicto
   da comemoração colossal
   Eu defendo e vibro
   mais que gol em Gre-nal!

   Anderson, não contente
   ainda bagunça a zaga
   em um lance genial.
   Gol! Gol! Gol!
   É do Grêmio!
   O Imortal!
   O Imortal!

São Paulo 1x0 Liverpool (Final do Mundial de Clubes 2005)

Obrigado por ser tão decisivo quanto a defesa de Rogério na falta de Gerrard.
Obrigado por ser tão cirúrgico quanto os olhos do bandeira.
Obrigado por dar tanto estímulo à equipe quanto os fomentadores da invencibilidade do Liverpool.
Obrigado por dar tranquilidade assim quando o camisa 11, Sinama, teve anulado seu gol.
Obrigado por dar segurança assim como os cortes de cabeça de Fabão e Lugano.
Obrigado por arrumar o time, assim como Autuori ajeitou o meio-campo. 
Obrigado por nos dar um caminho, assim como saiu de Aloísio aquela trivela.
Obrigado por colocar no nosso peito a terceira estrela.

Tão inesperado quanto o gol de Mineiro.
Você estabilizou o Tricolor, após jogar um brinquedo no nosso goleiro.
Você nos ajudou a trazer o Mundial para mais um time sul-americano
Obrigado pela invasão de campo,
torcedor corintiano!


Cruzeiro 3x2 River Plate (Final da Libertadores 1976)

Falta perigosa a favor do seu time
e o batedor oficial caminha para a cobrança.
Sempre ele, Nelinho.
O goleiro já se prepara para receber um torpedo em sua meta.
Pare e pense:
Loucura não seria, de fato,
fazer o óbvio nesta circunstância?
Se a estratégia já é tão previsível,
porque desprezar
a ousadia de um chute colocado?
Com jeito.
Em arco.
No ângulo.
Golaço!

Citações de Gláuber Rocha e Jack Kerouac me vem imediatamente a mente: 
 
"Bendito sejam os loucos, pois eles herdaram a razão"
Zezé Moreira, o cerebral,
desconhecia na loucura
o seu lado mais racional.   

 "Aqui estão os loucos. Eles não se adaptam as regras. Você pode achá-los desagradáveis. Mas a única coisa que não pode fazer é ignorá-los. E enquanto alguns os vêem como loucos, nós os vemos como gênios"
O são, João.
Que segundos à frente
de todos os presentes
já pressentia que a ousadia
proporcionaria ao Cruzeiro
a maior das alegrias.


Corinthians 1x0 Vasco (Quartas de final da Libertadores 2012)

O que fazer
quando um jogador vem sozinho
e só há o goleiro
no meio do caminho?

Gritar como um sádico
que se reprime?
- Cadê os zagueiros desse time?

Entrelaçar as mãos
e rezar forte?
- Ajuda o Timão, São Jorge!

Os olhos, fechar?
Não.
Melhor seria incentivar.
O que nossa torcida faz como nenhuma outra
E da angústia incontida,
sai da garganta, uma voz uníssona
mesmo que rouca. (Pobre Diego Souza!)
Adaptando o lema da equipe (Vai Corinthians!)
ao nome do goleiraço. (Vai Cássio!)

Em um toque de magia
A bola espalmada pelo arqueiro
foi para escanteio .... do Corinthians!
E depois do cruzamento
Finalmente, chegara o momento.
Recompensa garantida
1x0 na partida!

E pela primeira vez no futebol
Uma bola espalmada
virou uma bola cruzada
na cabeça de um jogador de linha.

O gol?
De Paulinho.
Mas a Fiel sempre lembrará
com carinho
que
no meio do caminho havia um goleiro.
Havia um goleiro no meio do caminho.

Nenhum comentário:

Postar um comentário