Sr. Arkadin promove um baile de máscaras em seu castelo na Espanha. Com o
copo na mão, ele diz aos seus convidados: «Não, não vou fazer um
discurso, vou propor um brinde, em estilo georgiano. Os brindes
georgianos sempre são antecedidos por uma pequena estória... Eu tive um
sonho. Sonhei que estava em um cemitério onde todas as lápides estavam
marcadas de um modo curioso -- '1822--1826', '1930--1934', todas dessa
forma, sempre com um tempo muito curto entre nascimento e a morte. No
cemitério havia um homem idoso. Eu lhe perguntei como foi que ele
conseguiu viver tanto tempo quando todo mundo vivia tão pouco em sua
aldeia. Então ele respondeu: 'Não é que morremos cedo, é que por aqui
nossas lápides não contam os anos de vida de um homem, mas apenas o
período de tempo em que ele conseguiu manter uma amizade'. Um brinde à
amizade».
(Último bloco do antifilme "A sociedade do espetáculo - Guy Debord")
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