Conversando com um ilustrador de um livro que estou organizando, chamado João Francisco:
- Raphael, já que você falou da sensibilidade desta sua amiga, vou te contar uma história que marcou muito.
- Diga.
- Uma vez estava expondo minhas gravuras aqui na Feira Hippie de Ipanema e percebi que alguém olhava com atenção uma ilustração de um menino jogando botão. Futebol de botão, conhece?
- Claro, jogava muito na minha infância.
- Pois é, o homem ficou admirando a figura por uns 15, 20 minutos. Quando cheguei perto dele, fiquei chocado. Era o Fernando Sabino!
- O escritor?
- Ele mesmo. Pensei em interrompê-lo, mas ele estava tão compenetrado que achei iria atrapalhá-lo. Esperei tanto que ele foi embora. Uns 2 meses depois ele voltou e repetiu a cena. Continuou admirando por um bom tempo o garoto se divertindo com o futebol de botão.
- E você foi falar com ele dessa vez?
- Dessa vez fui. Me apresentei, disse que trabalhava com gravuras desde a juventude. Ele me elogiou, disse que sempre passava pela feira e ia indicar-me à conhecidos. Passou mais uns 3 meses, ele morreu. Acho que estava com um câncer seríssimo. Com a sua visita fresca na minha memória, comecei a ler o jornal que falava sobre o seu falecimento. Nisso, vi a foto de sua lápide. Nela estava escrito:
" Aqui jaz Fernando Sabino, que nasceu homem e morreu menino."
28 de mar. de 2013
6 de mar. de 2013
Um conto de duas cidades
Água forte cai do céu,
pois agora, ele está por lá.
Duas matérias
não cabem no mesmo lugar.
Se a água cai para dar as plantas
vida
Chávez sobe,
deixando dignidade
para muita gente sofrida.
Oprimida pelos novos colonialistas
viram no Comandante, a sua voz
contra ruralistas
lobbistas
e entreguistas.
Neste momento,
a dor fustiga
os novos 2 milhões de alfabetizados
venezuelanos.
Na Cidade Maravilhosa,
o descaso do governo
faz com que a chuva
nos provoque grandes danos.
Zonasulistas e suburbanos
do militante ao que se diz antipolítico.
Todos.
Obrigados a mudarem de planos.
Os inimigos de Hugo
por aqui, esbravejam
diante desses acontecimentos
e ao procurarem culpados
por seus tormentos efêmeros
dão de cara com um grande espelho.
Desses que de tão transparentes
são difíceis de reparar.
Só o notam quando
sabem que,
inevitavelmente,
seu feudo se afetará.
Amanhã é dia de sol
e tudo volta ao normal
no mundinho de quem se alimenta de inércia
e não "faz a hora" contra
o governo local.
Amanhã é dia de sol
para a mídia global,
que não nos mostra o que foi Ponte Llaguno
e ri do lamento geral.
Amanhã é dia de sol.
Dia eufórico para o capital.
A água que cai no sudeste do continente
são das lágrimas de um país
que beira a América Central.
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