29 de ago. de 2012

Encontros

Também conheci Dean Moriarty assim que meu pai morreu.
Diferente de Jack, o encontro se deu antes da morte fisica do velho,
um pouco depois da chegada  de Al e Park.
Foi um encontro estranho porque eu não pedi pra conhecê-lo.
Ele simplesmente apareceu
e já foi se sentindo à vontade.
Eu fui tomando suas caracteristicas e ele, as minhas.
Dean me ensinou a dizer mais "nãos".
Alertava-me sobre a prestatividade dada por mim
a quem se aproximava com o intuito de me ludibriar.
E me mostrou a importância em ser rude, ocasionalmente, para proteger meus valores. 
Ele costumava bater no meu rosto e dizer:
- Até quando você vai obedecer a tudo e a todos?
- Vai seguir à risca a vida que os outros desejam para você?
- Quando vai viver seus sonhos, seu otário?!
O hedonismo era o seu norte.
Me transformei assim, num errante
como Quixote
e usava como estrada,
minha própria utopia.
Comprei seus argumentos
e passei a repudiar os caminhos traçados pelo homem pós-moderno,
que procura o conhecimento desejando status e não como um alicerce para a transformação social.
Busca somente o papel dado
no final dos cursos estipulados
como essenciais na vida de um indivíduo bem-sucedido.

Mas algo ainda me incomodava nele.
A rebeldia sem causa de um utilitarista não me enchia os olhos.
Por isso, nos despedimos no final do verão de 2012,
mesmo com Dean inconformado com meu adeus.
Atravessei a rua e me apresentei à Marighella.

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